segunda-feira, 12 de agosto de 2013

CAPÍTULO I - INCITAMENTO DIVINO Á LEITURA

INCITAMENTO DIVINO A LEITURA, A MEDITAR E A DAR A CONHECER AOS OUTROS AS PALAVRAS REVELADAS

1- O Senhor ordena de escrever estas palavras

            Santa Teresa d'Avila (3), um dia, ouviu o Senhor dizendo-lhe: " Tu sabes, que por vezes, eu falo para ti. Não te esqueças de transcrever as minhas palavras, porque se elas não te são úteis para ti, elas serão de certeza para outros." (Relation, 52.) E numa outra vez: "Não te esqueças de transcrever os avisos que te dou, afim de não os esquecer. Já que gostas de ter por escrito aqueles que te são enviados pelos homens, como podes considerar que seja uma perca de tempo de escrever aqueles que recebes de mim? Virá um tempo em que uns e outros te serão necessários."
(Relation, 64).

           O confidente e confessor de Santa Angela de Foligno (4), tendo transcrito as palavras do Senhor que lhe tinham sido testemunhada pela benaventurada, mas este com medo que tivesse sido colocado por engano nas suas páginas. O senhor disse a Santa Angela:" Tudo o que está escrito aqui é verídico, e não contém nenhuma mentira." E uma outra vez: "Tudo o que foi escrito, o foi segundo a minha vontade e vêm de mim... Eu o lacrarei. " (Traduções Doncoeur, pp.81 e 181, e Ferré, pp 85, 249).

           Também foi dito: "Manda escrever, na sequência das palavras que foram ditas: que seja dado graças a Deus de tudo o que escreveis." (Doncoeur, p84; Ferré, p 89).

          Mesma recomendação feita por nosso Senhor a Santa Brigida (5): "Eu, Deus, tenho muitos folhos que são retidos nas ratoeiras do demónio. Meu amor les envia as palavras da minha boca par uma mulher. Ouvi, vós, ó Frade Pierre (6), escrevei em lingua latina o que ela vos dirá da minha parte em linguagem comum, e eu vos darei em cada carta, não ouro ou dinheiro, mas um tesouro que nunca envelhecerá." (Révél. Extrav., ch. 48.)

          Santa Gertrudes (7) repugnava-se de dar a conhecer por escrito suas revelações, ela desculpava-se dizendo-se que ela já o tinha feito de viva voz para a utilidade do próximo, mas o Senhor lhe opôs esta palavra que ela tinha ouvido na noite mesmo das Matinas: "Se o Senhor não tivesse vontade que seja conhecida a sua doutrina unicamente aqueles que estavam presentes, apenas teriam lugar a palavras e nada de escrito. Mas hoje as palavras também são escritas para a salvação dum maior numero." E ele acrescentou: " Eu quero ter nos teus escritos um testemunho irrecusável da minha divina ternura, para estes últimos tempos em que me disponho a fazer bem a um grande número;" (Liv.2, ch. 10)

          Enquanto eu redigia na minha cela, conta Santa Verónica Juliani (8), ouvi uma voz interior que dizia: "Eu estou contigo, que queres mais?" Esta voz pareceu-me ser aquela do Senhor. Ela causou-me tanto contentamento que estava como fora de mim; contudo continuava a escrever. Por fim, não conseguindo mais, quis me meter em oração. Mas de novo, ouvi a voz que me disse: "Escreve; a fadiga que tu sentes me é agradável, tanto como a oração, porque as coisas (que escreves) serão de grande benefício para as almas. Por isso escreve tudo. estas são as minhas obras, não o duvides. " (Diario, 13 de Setembro de 1697.)

         Teus escritos irão dar a volta ao mundo inteiro, para a minha glória e para o bem das almas. " (23 maggio 1697.)

         "Minha filha, diz o Senhor à Madalena Vigneron (9), eu quero que descobres as graças que recebestes de mim, vosso esposo, e que as escreveis com as vossas faltas que tiveram de compor... à verdade terão de sofrer muito, o demónio vos atormentará de todas as maneiras, mas, minha filha, tende uma coragem firme, que eu vos assistirei; os tormentos passarão e se vos manterdes persistente, ele será por fim confundido e vosso Jesus reinará todo puro no vosso coração." (1ªpart. ,ch. ler.)

         O salvador deu a mesma ordem à bem-aventurada  Varani de escrever as revelações que ele lhe tinha feito sobre os sofrimentos interiores. (Opere spirituali, p. 53.)

        Os directores da Santa Margarida-Maria (10),  lhes tinham ordenado de escrever as graças maravilhosas que ela tinha recebido, mas ela sentia uma certa aversão de o fazer; seu divino Mestre repreendeu-a: Porque recusas-tu de obedecer à minha voz que te pede de pôr por escrito o que vêm de mim e não de ti, porque tu apenas da tua parte lhe concedes uma simples aceitação; considera o que és e o que mereces, e procedendo assim entenderás donde te vêm o bem que possuis. Porque tens medo, visto que te dei por asílio o lugar onde tudo é facilitado. " (Éditions Gauthey, I,p.109).

          Como Margarida ao aceitar sua obediência ressentia sempre a mesma pena e queixava-se ao Nosso Senhor: " Persegue minha filha, persegue, ele nao será nem menos, por todas as aversões; é preciso que a minha vontade seja feita, lhe diz Jesus. (II, p.39.)

          Nosso senhor disse a Maria-Celeste  (11): "Bem amada do meu coração, escreve de mim. O que te anunciei em segredo, diz-o publicamente. Sendo da minha vontade que manifestes as verdades que recebestes da minha sabedoria sobre a minha Incarnação e da magnificência das obras que eu manifestei ao tomar a natureza humana. Oh! tantos segredos sobre a minha vida e sobre a minha morte que permanecem escondidas aos homens! Ordeno-te portanto de escreveres de mim para que meu nome seja glorificado na terra. " (Vie, p.362.)

         Jesus  declara varias vezes à Irmã Benigna Consolata da missão que ele lhe queria confiar, e lhe fez compreender que ela devia ser seu instrumento. Tendo dito alguma coisa a Jesus do desejo que eu tinha de dar a conhecer suas misericórdias, ele disse-me: "Claro que sim, podes; teus escritos são destinados a os dar a conhecer. Toda palavra que tu escreves canta a minha misericórdia. Escreve o mais que possas. Quero necessitar de ti, pobre pequena nada, para fazer chegar as almas minhas misericórdias." (Pp. 103, 104.)

                                 _________________________________________
(3)   Santa Teresa d'Avila nasceu em 1515 e morreu em 1582. As citações são feitas conforme a tradução do  P. Bouif ou conforme a tradução das Carmelitas, Paris, Beauchesne, ou do original: Obras de Santa Teresa de Jesus, por D. Vicente de la Fuente, 1881.
da 
(4)   Santa Angela de Foligno morreu em 1309. O livro das visões e instruções da bem-aventurada Angela de Foligno foi escrita pelo seu confessor, o Padre Arnaud. (Tradução pelo P. Doncoeur. Por M.J.Ferré, por Hello.)

(5)  Santa Brígida, morreu em 1373, princesa sueca, fundou  conforme as ordens que recebeu Deus, a ordem du Santo Salvador, que rendeu eminentes serviços à religião, até ser destruído pelos protestantes. As revelações de Santa Brígida foram recomendadas pelo concílio ecuménico de Constâncio e pelos papas Bonifácio IX (Bula de canonização), Urbano VI e Martinho V. Citamos seus nomes conforme a tradução de Jacques Ferraige, reeditado em 1859.

(6)    O P. Pierre era um monge beneditino, sub-prior do seu convento.

(7)    Santa Gertudes (1256-1302) viveu no convento de Helfta, na Saxe. É citada em conformidade com a edição latina , Paris, Oudin, 1875, e conforme a tradução faite pelos beneditinos de Solesmes, Paris, Oudin 1878.

(8)     Santa Verónica Juliani, nasceu em 1660, e morreu em 1727. Ela tinha garantido que os instrumentos da Paixão estavam impressos no seu coração. Após a sua morte, quiseram verificar as suas declarações; tudo se encontrava conforme ela tinha descrito. Citamos sempre seu jornal, recentemente publicado e editado pelo  P. Pizzicaria, S.J., Convento dos Capuchinhos, Citta di Castello, Italia.

(9)     Madalena Vigneron (1628-1667) viveu em Senlis, perto de Paris, duma vida muito edificante, que ela terminou após sete anos de doenças prolongadas  e de sofrimento heroico. Seu diretor, o P. Mateus Bourdin, que publicou suas memórias, que contém coisas admiráveis. (Paris, 1689)

(10)    Santa Margarida-Maria (1696-1795). Citamos conforme a edição das suas obras por Mons. Gauthey.

(11)   A  venerável Maria-Celeste Costarosa (1696-1795) foi esta santa religiosa que Nosso Senhor encarregou de comunicar a santo Alfonse de Ligório que ele foi escolhido para fundar uma ordem nova, que foi a ordem do Santo Redentor. ( Vie, pelo R.P. Favre, Paris, librairie Saint-Paul, 1931)

(12)   Irmã Benigna- Consolata Ferrero, nascida em Turim (1885), entrou no convento da Visitação em Côme, a 30 de dezembro de 1907, e morreu em odor de santidadeem 1 de setembro de 116. Ela recebeu desde sua tenra idade as  missões de Jesus. O Salvador chamou-a em primeiro pelo seu nome de batismo, Maria. Quando fez os votos, ela recebeu o nome de Benigna-Consolata e Jesus a chamou desde logo por Benigna. As citações foram tiradas, seja da noticia em italiano, feita pelo convento de Côme, seja pela Vie, tradução em francês, tipografia Roudil, 3 quai Saint-Clair à Lyon.

Sem comentários:

Enviar um comentário